domingo, junho 29, 2008

O AMOR


O AMOR

O amor não se restringe a passar pelas grandes avenidas dos desejos; nem se constrói em monumentos, pesadas muralhas de glória; não se reveste das cores extravagantes, nem se acumula altivo até as nuvens cheios de vistosos ornamentos. O amor mais se cala do que grita; faz do silêncio suas palavras. Não se alarde procurando na insanidade sua própria face; só revira as vísceras, despretensioso como o sol batendo nas telhas das casas.
O poeta Drummond canta “Amor começa tarde”. Porque é tarde que se aprende as coisas simples, é tarde que se enxerga a desnecessidade da razão. O amor caminha nas ruas e pelo suor das mãos tocadas absorve gotas das calçadas; é mais o sorriso fugidio que a lente preparada dos olhos não alcança. O amor escolhe os becos e as pontes estreitas. Nas vias congestionadas ele se espalha, perde-se na correria, dilui-se nas solas dos sapatos, nas visões mórbidas de humanos massacrados. Mas não perde sua força! Sua loucura é permanecer incólume, enquanto, absortos com a beleza de quem amamos, nos perdemos por um caminho há tantos séculos sempre e sempre procurado.

SESC AVENIDA PAULISTA




o♥ cirandaeamor..

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